88. Carta a um amigo.

Fica tranqüilo, meu amigo, as coisas demoram mesmo.
Quando a coisa é boa de verdade não sai da noite para o dia.
Você é muito energizado e acabará desenvolvendo, a seu tempo, a estrutura adequada para o seu potencial. Caso contrário o sucesso será sucedido pela bancarrota natural quando se constrói uma bela casa sem um bom alicerce.
Conhecimento não dá isso, só a maturação mental decorrente das mutações da criação em seus ciclos involutivo e evolutivo.
Me lembro que certa vez, em viagem por Mato Grosso, parei para ver uma boiada que caminhava lentamente pela estrada.
O cozinheiro da comitiva havia acabado de dar o almoço para os peões e estava acomodando os alimentos e seus apetrechos nas broacas para depois colocá-las no lombo dos burros.
Eram dois, um baio e um ruão (de pelagem avermelhada).
Achei bonito o burro vermelho e comentei com o cozinheiro:
- Que bonito esse burro ruão, amigo!
Ele respondeu sorridente:
- É sim. Muito forte, mas é novo ainda. Está amansando e tem a mania de pular com a carga derrubando tudo no chão. Então o que eu faço? Coloco as broacas pesadas no lombo dele e as leves eu coloco no baio. Ele dá uma estremecida mas, como tem vigor, aguenta. Quando chega no fim do dia ele está mansinho.
Então pensei comigo:
- É assim que a vida faz com os baguás energizados, coloca as broacas pesadas no lombo deles para que amansem.
Agüenta firme, meu amigo, que quando você estiver bem manso tudo virá a seu termo e o plano divino de sua vida se manifestará em toda sua plenitude.
Você não nasceu para ser apenas mais um.
Por hora nem adianta fazer planos, vá cuidando, com carinho e entusiasmo consciente, do que tem em andamento, em paz consigo mesmo.
Fundamentalmente em paz.
Faça tudo por ela.
Nada adiantará antes disso.

Do livro Seu Jeito É a Paz, de Rivaldo C. Andrade - Riva