389. O desfile.

O mundo é um desfile de carnaval. Alguns carregam fantasias mais leves, outros mais pesadas. As fantasias de mais destaque pesam mais, requerem mais esforço para serem levadas e fazem suar mais. Mas, ao fim do espetáculo, todas, leves e pesadas, têm que ser tiradas. E ao despir-se o fantasiado vê que tudo continua sempre na mesma e resta novamente apenas a mesma realidade. O esforço em nada resultou de real e para nada serviu a exibição. Então, os mais entusiasmados do desfile, que chocam-se mais com a realidade, de que viviam fugindo, correm vestir outra. E repete-se sempre o mesmo ciclo insano, como o cão correndo atrás do próprio rabo.
E a questão não é saber se o outro está vendo a própria fantasia ou se já se despiu. É cada um consigo. A realidade comum está às vistas, escancarada e óbvia.
Cada um que cuide de ver a si.
De que adianta o outro estar despido se eu não estou?
Aí não vai regra de conduta alguma. Só uma visão do óbvio, que a ninguém é negada por Deus, que está à vista para todos e leva a todos para o mesmo buraco de sempre quando nos negamos a vê-la.
Cada um faz como acha que deve, de acordo com o que valoriza mais; a fantasia ou a realidade.
Cada um faz como quer ver.
Ver, todos podem!
E todos vêm, mas a grande maioria, quase a totalidade, prefere fingir que não vê.
Nesse desfile não há à frente nem atrás. Tudo é fantasia. É claro que a fantasia menos perniciosa é a mais leve, que ao ser tirada provoca um menor choque com a realidade.
A questão é a justificativa, esse é o crime: justificar.
O crime em si é nada.
O problema é a justificativa, que incorre em culpa e defesa do erro que se vê e finge-se não ver.
Isso não é mera filosofia.
Um jato da Luz no seu coração!!!!

Riva